quinta-feira, 11 de junho de 2009
quinta-feira, 4 de junho de 2009
SURGIMENTO DO SOCIALISMO NO BRASIL
O socialismo historicamente surgiu para nós, como teoria e como prática, circunstanciado pelas contradições criadas pelo capitalismo, a partir da separação definitiva e radical dos produtores dos seus meios de produção, opondo a “classe mais numerosa e pobre da sociedade” (Saint-Simon) aos proprietários dos meios de produção, aos donos do capital.
Surge no campo das idéias, sem qualquer relação com a realidade sócio-econômica que atravessamos. Elas não surgem aqui como produto das contradições inerentes ao sistema capitalista como no caso europeu. Na época em que o socialismo é mencionado e até defendido aqui no Brasil (meados do século XIX) por um Abreu e Lima e Antonio Pedro de Figueiredo, considerados precursores do socialismo em nosso país, vivia-se numa sociedade caracterizada pelas relações de produção escravista, em que as relações do trabalho assalariado eram inexpressivas para definir nosso modo de produção como capitalista.
Por outro lado, temos duas observações a fazer: a primeira é que nossos pensadores, ao tratarem do socialismo, colocam num mesmo plano, as idéias de Fourier, Marx, Platão, Enfantin, Leroux, Cousin, Proudhon. Morus e Owen, numa clara demonstração da ausência de uma melhor identificação das diferenças das tendências socialistas. Segundo, nas obras literárias e jornalísticas dos nossos “socialistas”, não há qualquer defesa da abolição da escravidão no Brasil, o que leva a crer que admitissem a escravidão como forma natural de utilização do trabalho pelos proprietários dos meios de produção. Aliás, Abreu e Lima chega mesmo a admitir que a escravidão era “desígnio de Deus”.
Só nos finais do século XIX, inicio do século XX, é que as idéias socialistas se apresentam melhor definidas nas obras de Higino Cunha, Clóvis Bevilácqua, Tobias Barreto, entre outros, na medida em que se começa a se compreender as diferenças entre as várias tendências do socialismo. É também a partir daí que começa a surgir uma imprensa operária e socialista, com uma maior clareza em termos das reivindicações operárias e das propostas socialistas, sob a influência da tendência social-democrata e mais fortemente do anarco-sindicalismo. Podemos mesmo afirmar, que enquanto a primeira tendência ficava circunscrita às atividades jornalísticas e suas ações se voltavam às discussões políticas acerca da democracia, de combate ao domínio oligárquico do poder, a segunda tendência se aproximava das massas trabalhadoras, desenvolvendo atividades políticas de contestação ao próprio sistema político e de luta em defesa da melhoria das condições de vida e de trabalho das massas trabalhadoras. Foi sob a influência do anarco-sindicaismo que aconteceram as primeiras greves operárias mais significativas dos primeiros anos do século XX, como as primeiras Conferências e Congressos Operários que não só mobilizaram várias categorias de trabalhadores, como também fez desencadear uma onda de repressão contra a classe trabalhadora e contra os formadores de opinião que atuavam na imprensa e nas associações operárias, defendendo os princípios anarquistas.
Só a partir da vitória da Revolução Bolchevique na Rússia em outubro de 1917, é que as idéias de Marx e de Lênin começam a exercer uma maior influência em nossa intelectualidade de esquerda, culminando nos anos 20 com a formação, no Sul e Nordeste do país, de vários grupos comunistas. São esses grupos comunistas que serão os responsáveis, em março de 1922, pela formação do Partido Comunista Brasileiro. Embora as tendências social-democrata e anarquista continuem a influenciar trabalhadores e intelectuais, será o PCB que exercerá a hegemonia sobre o movimento operário e socialista em nosso país até os primeiros anos da década de 60 do século passado.
Aluizio Franco Moreira
Postado por: Illana de Brito
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